
A IMPORTÂNCIA DO USO CONSCIENTE DOS ANTIBIÓTICOS
A resistência das bactérias aos antibióticos é um seríssimo problema de saúde pública. O mau uso e o uso excessivo dos antibióticos são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da resistência bacteriana.
Os maravilhosos antibióticos
Antes da descoberta dos antibióticos era muito comum que as pessoas morressem por infecções bacterianas, como pneumonias ou infecções pós parto. Quando essas medicações surgiram, incontáveis vidas foram salvas e a expectativa de vida das pessoas aumentou muito.
As bactérias, no entanto, não desistiriam tão fácil...
A resistência bacteriana
As bactérias sofrem mutações constantemente. Não é que elas “pensam” ou “planejam” essas mutações, isso simplesment
e acontece. Algumas dessas mudanças genéticas podem ser benéficas para elas, e por isso essas bactérias sobrevivem mais, se multiplicam mais e espalham essa mutação.
Um tipo de mutação muito interessante para as bactérias é aquele que deixa elas resistentes aos antibióticos. Quando isso ocorre, ao usar um antibiótico, apenas as bactérias sensíveis a ele morrerão. As resistentes sobreviverão e darão origem a novas bactérias também com a mutação. Logo, todas as bactérias daquele meio estarão resistentes àquele antibiótico.
Assustador, né? Essas bactérias resistentes podem causar novas infecções e também podem ser transmitidas para outras pessoas.
A era pós antibiótica
A ciência, claro, logo percebeu esse fenômeno e novos antibióticos foram sendo criados. As danadas das bactérias, no entanto, sempre ficam resistentes também aos novos remédios. Existem, portanto, bactérias tão resistentes que não temos opções de antibióticos para tratar as infecções causadas por elas.
A tendência, caso as coisas continuem como estão, é que cada vez mais bactérias amplamente resistentes causem essas infecções de difícil tratamento ou até mesmo intratáveis. Entraremos no que chamamos de “era pós antibiótica”. Será como antes da descoberta dos antibióticos: como não teremos mais opções boas dessas drogas, infecções simples e comuns voltarão a matar a frequência de antes.
O que podemos (e devemos) fazer?
Para evitar ou pelo menos postergar o desenvolvimento da resistência bacteriana devemos preservar os antibióticos que temos hoje. Abaixo estão as medidas para promover o uso consciente dessas medicações:
· Não use antibióticos sem prescrição médica!
· Tome antibióticos prescritos até o fim, mesmo que se sinta melhor já nos primeiros dias do tratamento.
· Não pressione seu médico a prescrever um antibiótico. Se ela ou ele achar necessário, fará a prescrição.
· Não compartilhe seu antibiótico com outras pessoas.
· Higienize frequentemente as mãos para evitar a propagação de bactérias.
· Converse com seu médico sobre as vacinas que podem prevenir infecções bacterianas.
· Para os médicos: Não trate infecções virais com antibióticos!
o Resfriados, gripe, COVID-19 e muitas outras doenças causadas por vírus não devem ser tratadas por antibióticos, uma vez que eles servem para tratar doenças bacterianas.
· Para os médicos: Se não há sintomas de infecção urinária, não há indicação de usar antibióticos!
o Mesmo que haja bactérias na urina, se elas não estão causando sintoma, não há necessidade de uso de antibiótico (eles só deixarão as bactérias mais resistentes).
· Para os médicos: Prescrever sempre o antibiótico mais apropriado para cada infecção, respeitando os protocolos locais.
Todos temos a responsabilidade coletiva de preservar os antibióticos!
Texto elaborado por Dra Vanessa Strelow, médica infectologista. CRM-PR 31201, RQE 2857.
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